11 de setembro de 2010

Clara Marques de Oliveira

Pequena grande guerreira!


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Imagens: Arquivo Pessoal/Divulgação

Quem nunca ouviu falar em algum caso ou não conhece alguém que passou pela experiência de ter um bebê que nasceu prematuro? Uma situação delicada e na maior parte das vezes inesperada.

Para contribuir, a falta de informações mais detalhadas sobre o assunto muitas vezes pode gerar preocupações desnecessárias nos pais, ansiedade e insegurança.

Por isso é muito importante entender melhor o assunto e conhecer as práticas que, hoje, já fazem com que a vida do bebê prematuro e de sua família seja muito melhor.


Um recém-nascido prematuro é aquele que nasce com menos de 37 semanas de idade gestacional, considerando que o período normal de uma gestação vai de 37 a 40 semanas.

Dentro deste período, poucas semanas fazem muita diferença para a saúde do bebê e na forma como o nascimento acontece.

Aumento


O número de partos prematuros vem aumentando nos últimos anos, e a sobrevida desses pequenos bebês, cada vez mais prematuros, vem crescendo com os avanços da medicina.

Pais de bebês prematuros devem se concentrar em fazer um acompanhamento rigoroso junto aos médicos, em conhecer todas as possibilidades de tratamentos preventivos e de passar para o seu filho carinho e tranqüilidade. [Fonte: Renato Kfouri - Pediatra e Neonatologista SP]

Clara Marques de Oliveira


A personagem desta edição do Mulher Interativa é mãe de uma pequena “grande guerreira” e contará a sua história de angústias e alegrias em mais de um ano de vida de sua filha.

Clara Marques de Oliveira nasceu no dia 15 de janeiro de 2009, após apenas 27 semanas de gestação. Seu peso era pouco mais de 900 gramas e seus 36 centímetros a tornavam aparentemente frágil e indefesa.


Um nascimento rodeado de incertezas, medos e aflições.

Teve complicações desde a gestação. Sangramentos e um descolamento de placenta ocasionaram o parto prematuro. A sobrevida de Clara foi definitivamente uma dádiva.


Após o seu nascimento, Clara permaneceu mais de dois meses internada na UTI Neonatal por não possuir peso suficiente nem formação completa do organismo para poder sobreviver sem auxílio médico.

Cada dia era uma vitória. Por horas bem e em um novo momento mal, em meio a remédios e injeções, ela respirava com ajuda de aparelhos e tubos de oxigênio.

Da gestação ao parto


A gravidez de Clara foi muito esperada pelos pais, Fernanda Marques e Sandro de Oliveira e foi muito tranqüila até a 20ª semana de gestação.

Foi então que um descolamento de placenta ocasionou a primeira complicação, que deixou Fernanda em repouso absoluto por 25 dias.

Neste período passou por idas e vindas ao hospital, chegando à internação.

Porém, a causa para as complicações não foi identificada.


No dia anterior ao nascimento de Clara, Fernanda havia passado o dia com contrações e, já passada a meia noite, a bebê havia parado de se mexer no útero da mãe.

Ao chegar ao Hospital Universitário as contrações pioraram e a médica, Dra. Tania Vieira da Fonseca, foi chamada para proceder com um inesperado parto normal.


“O parto foi horrível, foi muito triste, pois jamais imaginei que ela fosse nascer naquele dia e mais ou menos pude imaginar os riscos que ela correria a partir daquele momento. Foi muito traumático e hoje, um ano e sete meses depois, posso dizer que ainda não superei aquele momento”, revela Fernanda.


O pai (acima), de primeira viagem, foi pego de surpresa pelo nascimento prematuro. “Nem imaginava que ela poderia nascer três meses antes do esperado. Naquela noite levei a Fernanda ao HU, pois ela estava sentindo muitas dores, mas pensei que ela seria medicada e voltaria para casa. Mas como desde sempre, as coisas são do jeito que a Clara quer, e então ela nasceu”, conta Sandro.

A Vitória da Vida!


Após o seu nascimento, Clara permaneceu na UTI Neonatal durante 61 dias e passou por sete transfusões de sangue e dois testes do pezinho. Já em seu primeiro dia de vida teve uma parada cardiorrespiratória e aos 12 uma pneumonia.


“Nesse momento entreguei a vida da Clara a Deus, pois sabia a gravidade da situação e só ele poderia salva-la. Durante o período da pneumonia, o telefone de casa tocou num domingo a noite. Era a Dra. Sylvia Lindemeyer avisando que a Clara havia piorado, entramos em pânico...


...Talvez tenha sido o pior momento de todos, fomos até o hospital para vê-la, mas sabíamos que nada poderíamos fazer, apenas confiar na equipe médica da UTI e rezar muito”, relata Fernanda. Nesta noite o casal e a família ligavam para UTI de hora em hora em busca de notícias.


Durante 29 dias a pequena Clara respirava através de aparelhagem mecânica, sofreu todas as conseqüências deste método e corria risco de vida.

Foram momentos de intensa preocupação e muita ansiedade.

Mas, com um mês de vida, Clara passou para uma nova etapa, sem aparelhos ou tubos, para a alegria da família e conforto da bebê.


“Desde o momento que ela nasceu, cada dia era pra ser comemorado, pois tinha horas em que ela estava bem, e logo em seguida piorava. Todos sofreram muito, e ela mais ainda. Eram muitos remédios, injeções por todo o corpo, foi torturante vê-la daquela maneira”, confessa Vanessa de Oliveira (abaixo), madrinha de Clara.


A vida profissional do casal também foi prejudicada por todo o turbilhão de acontecimentos que envolviam a chegada da pequena à família.

“Foram momentos difíceis, mas temos que ter força e tocar a vida. Continuei trabalhando, mas é claro, o rendimento não era o mesmo. Tenho que agradecer a compreensão dos meus colegas e até mesmo de meus clientes, que sempre me deram muito apoio”, conta Sandro.

Ele continuou sua rotina de trabalho, mas Fernanda considerava psicologicamente impossível, era o pior momento de sua vida!


Em meio a muitas orações e pensamentos positivos por parte da família e o cuidado intensivo e dedicação da equipe da UTI Neonatal, o estado de Clara foi tornando-se cada vez menos grave.

Vibrando a cada nova grama adicionada ao peso da pequenina, a cada respiração que ela completava sozinha e até mesmo o seu choro, todos viram ali a vitória da vida.


“Uma coisinha tão frágil, que parecia não ter forças. Foram momentos de intensas preocupações, visitas angustiantes sem ter como ajudar. O detalhe é que não tínhamos um bebezinho tão frágil assim, ao contrário do que parecia, estávamos diante de uma pequena “grande guerreira” que lutou cada segundo para sobreviver nos enchendo de orgulho e de felicidade”, conta Vanessa.


Em uma luta contra o tempo e seu próprio corpo, Clara, tão pequenina, lutou pela sua própria vida com todas as suas forças.

Se pode sim
começar de novo!


Ao atingir os tão esperados 2 quilos Clara pode, finalmente, ser levada para casa [abaixo, imagem do dia que a pequena deixou o hospital com seus pais].

Desde então não houve mais complicações.

Hoje ela é uma criança completamente saudável e até mesmo o pediatra que consulta mensalmente, Dr. Elvio Zenobini, surpreende-se com a sua recuperação.

“Não tem preço, não dá para explicar o que é vê-la forte e saudável hoje. Sempre tive o sonho de ter uma menina e quando ela nasceu e passou por tudo aquilo, eu pensei que, se Deus havia realizado o meu sonho, não poderia levá-la de mim, então vê-la com tanta saúde e tão sapeca é a melhor coisa do mundo...

Muitas vezes eu e o Sandro ficamos parados olhando para ela e choramos de tanta felicidade. Ela é muito mais do que sonhei”, emociona-se Fernanda.


Ela, que já é mãe de Felipe (abaixo), hoje com dez anos, escolheu o nome da filha quando tinha apenas 17 anos.

Sua escolha partiu da leitura de um livro e desde então sonhava em ter uma menina que se chamaria Clara.

Quatorze anos depois e ela chegou...


Felipe, tinha nove anos quando a irmã nasceu, mas ao contrário de muitas crianças, não teve ciúme em nenhum momento. Muito pelo contrário, foi maduro e apoiou a família, principalmente a mamãe que passava por tanto sofrimento.


Agora com um ano e sete meses, Clara é o orgulho da família, a heroína.

Desta forma, não pode deixar de ser paparicada, é claro.

Cada bagunça, carinha e até mesmo as manhas são motivo de emoção.


É impossível não sucumbir ao seu brilho.

Seus expressivos olhos azuis, atentos a cada movimento, são a prova da garota esperta que já está mostrando sua forte personalidade.

A mãe diz que seu sorriso não cabe no rosto tão pequenino.

Tenho certeza de que o céu não é o limite para ela!”, afirma Fernanda.


Seu futuro a Deus pertence”, é o que diz a madrinha.

A bailarina da Escola de Belas Artes “Heitor de Lemos, não poderia querer melhor destino para a sua afilhada do que muita saúde, paz e amor. É claro, torcendo pra que siga os passos artísticos da “dinda”.

Dizem que as afilhadas puxam as madrinhas, quem sabe?! Anna Pavlova, uma das mais famosas bailarinas do mundo, nasceu em 1885, prematuramente.


Entre outros prematuros famosos estão Albert Einstein, Pablo Picasso, Isaac Newton, Charles Darwin, Victor Hugo e Stevie Wonder.

Aos pais prematuros


De toda a situação se tira um aprendizado.

Aos pais que estão passando por uma situação semelhante, Fernanda e Sandro dizem que é fundamental ter fé, seja qual for a sua religião e confiar plenamente na equipe de profissionais que estão cuidando do seu bebê.


“Se for aqui mesmo na UTI Neonatal posso falar: eles são os melhores!”, confirma Fernanda.

“Muitos amigos rezaram muito pela Clara e nós tivemos muita sorte de poder contar com os profissionais de saúde do HU. São pessoas realmente maravilhosas que fazem seu trabalho incansavelmente e com muito amor”, adiciona Sandro.


E para quem quiser mais informações o site www.prematuro.com.br tem muito para ajudar.

Nós do Jornal Agora desejamos a Clara e sua família muita felicidade hoje e sempre. E que a pequena guerreira torne-se uma grande mulher.

Sabemos que a força e a garra ela já tem!

2 comentários:

  1. linda história me emocionei muito...estou passando agora isso com minha sobrinha sophia , mas sei que tudo vai dar certo...

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  2. Nem pude terminar de ler, pois estou em prantos.Estou de 14 semanas e a 20 dias atras tive um deslocamento de placenta de 40 % e estou de repouso, o meu medico esta em falta comigo e naos ei mais o que fazer. Leio bastante para me amparar.ja tive 3 abortos e nao quero passar por outro . Sua filha ´e uma vitoriosa. Que Deus abencoe sua familia linda e essa princesinha perfeita aos olhos de Deus. Bjos!

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