14 de agosto de 2011

PAIXÃO, SAUDADE & SUPERAÇÃO



VÍNCULOS INSUBSTITUÍVEIS


Neste Dia dos Pais, uma homenagem aos homens que além de sentir o peso que acarreta toda separação – com inúmeros desgastes a todas as partes envolvidas – ainda se distanciam do seu vínculo mais precioso: os filhos. 


Na entrevista com o pai divorciado, médico homeopático e escritor Marco Teixeira, importantes mensagens para casais que vivem ou já superaram esta readaptável fase. “Filhos são insubstituíveis e precisam ser preservados dos conflitos que a separação traz”, salienta o médico.


Em Morrendo de saudades – Cartas de um pai separado – livro lançado em dezembro de 2009 pela editora Íthala e em sua segunda edição, o médico homeopata paranaense Marco Teixeira reforça uma noção básica e inescapável: “existe ex tudo, menos ex-filho”.

Assim como também não existe “ex-pais”. 

Na obra de 152 páginas, Teixeira apresenta as cartas escritas para seus dois filhos, discorrendo sobre as saudades, à distância e a angústia de não estar presente.

Pai de dois meninos, com uma diferença de sete anos entre os dois, Teixeira  (imagem abaixo) compartilha suas experiências e mostra também como a relação entre ambos os lados pode estremecer depois de uma separação complicada. O seu divórcio ocorreu há dez anos, quando o mais novo tinha três anos e o mais velho dez.


Dentro da narrativa, o autor registra os seus pensamentos aos filhos na forma de cartas - “uma forma de se estar junto” -, buscando, com efeito, rever e repensar a própria relação como pai, alcançando momentos de empatia e perdão ao se colocar no lugar do outro. Um exercício de compreensão e também de readaptação ou reorganização da convivência familiar.

Cartas que escreveu – mas que não enviou –, para que pudesse se sentir mais próximo deles, e também para que soubessem como se sentia. São histórias do cotidiano enfrentado por Marco nos quatro primeiros anos após a separação, e que demonstram momentos de compreensão, força e superação.

“São cartas que trazem todo o sentimento de um pai separado e a dor que a distância gera para ambos os lados. A vida é boa, mas tem lá suas dores inevitáveis – e temo que minhas crianças estejam aprendendo isso cedo demais”, discorre ele no decorrer da obra.

O texto apresenta um relato real e emocionante que faz com que muitos pais se identifiquem e percebam que a paternidade não acaba com o divórcio.
Também são textos que levam a momentos de amor e reflexão e que mostram como os filhos são insubstituíveis.


Além de escritor, Teixeira é médico especializado em tratar as pessoas através da homeopatia e se assume um apaixonado por cinema, animais e “sanduíches de mortadela”. Acompanhe as perguntas realizadas pelo caderno Mulher Interativa e respondidas via e-mail pelo escritor. 

ENTREVISTA
“A sensação de vazio é angustiante”


MULHER INTERATIVA - Qual o recado inicial que o senhor daria a todo pai recém-divorciado e que inevitavelmente enfrentará essa separação inicial também de seus filhos?

MARCO TEIXEIRA - Filhos são insubstituíveis e precisam ser preservados dos conflitos que a separação traz. A saudade dói e o medo de perder o amor das crianças é real. O primeiro passo é manter o contato com os filhos a qualquer custo e, de maneira alguma, envolvê-las em processos que culminem em mágoa e rancor.

MULHER - Qual a reflexão partida dos leitores que mais lhe chamou a atenção e que tenha feito o senhor observar melhor o seu texto?
TEIXEIRA - Por incrível que pareça, as reações das mães separadas demonstram que elas, além de gostaram da proposta de discussão do livro, o dariam para seus ex-maridos lerem.

MULHER - A função do pai na relação familiar mudou muito com o tempo. Antigamente, muitos comentam a enorme distância e o respeito que cercavam a figura paterna. Era raro existir manifestação de afeto. No livro, o senhor comenta: “Mais do que limites e educação, pai é apoio”. Como foi a relação com o seu pai e o que ela contribuiu para a sua postura?
TEIXEIRA - Meu relacionamento com meu pai foi, de certa forma, difícil. Havia, sim, esse distanciamento e raras manifestações de afeto. Com meus filhos, procurei encurtar distâncias. Apesar de separado, sempre fiz o máximo possível para estar próximo e presente em seus momentos bons e nos momentos difíceis também.

MULHER - Enquanto educadores, pai e mãe devem adotar comportamentos diferentes? Por exemplo, existe muita mãe que deixa os “nãos” da vida, ou o ato de impor limite, para o pai. O senhor concorda com esta designação? 
TEIXEIRA - Não, não concordo. Os limites, mesmo após a separação, devem obedecer a um consenso entre as duas partes, sob o risco de causar confusão e dúvida na cabeça das crianças.

MULHER - Como os filhos também podem ajudar para que esta distância seja menor, menos dolorosa? O senhor considera importante o fato deles não se envolverem (não defenderem lados) no processo da separação?
TEIXEIRA - A separação é de responsabilidade apenas dos pais. Sem dúvida nenhuma é importante que os conflitos sejam resolvidos entre o casal para que as crianças não precisem optar por um 'lado' ou outro.

MULHER - Nas ausências deles, do que o senhor mais sente saudade e o que mais valoriza quando estão reunidos?
TEIXEIRA - O que marca é a primeira noite após a separação. Suas crianças não estão mais ali, no quarto ao lado, não há ninguém no quarto ao lado, e no meu caso, nem havia quarto ao lado. A sensação de vazio é angustiante. Quando estamos reunidos, o mais importante é a harmonia, e isso nem sempre é uma coisa fácil de obter. Como a diferença de idade entre os dois é grande (sete anos), os programas  ultimamente são diversos. Com meu filho de 20 anos saio à noite, tomamos cerveja juntos e passamos muito tempo conversando. Vamos ao cinema também, mas os filmes são diferentes dos que assisto com o menor, o de 13 anos. Com o menor, passamos o tempo juntos jogando bola, pingue-pongue e video game.


MULHER - Já foi dito também que quanto maior a distância entre o casal separado, mais difícil será para manter a comunicação com os filhos. Qual a dica que o senhor daria para pais divorciados que possuem dificuldade de convivência?
TEIXEIRA - Concordo. Diria que antes da separação, TODAS as arestas entre o casal devem ser aparadas. Uma separação marcada pela raiva e pela mágoa fará com que inevitavelmente as crianças se vejam envolvidas, sempre num amargo conflito. As crianças devem ser preservadas em primeiro lugar.

MULHER - Qual a reação de seus filhos diante a publicação da obra? O senhor sentiu receio pela exposição que ela poderia gerar a eles?
TEIXEIRA - Os dois gostaram e aprovaram o livro. Sim, temi a exposição, tanto que os nomes deles foram preservados.

MULHER – O livro está em sua segunda edição. Quais são os planos para o livro e se o senhor pensa em escrever novos títulos?
TEIXEIRA - Espero continuar divulgando e que ele sirva de orientação aos pais que passam pela mesma experiência que a minha. Como médico, trabalho em um Hospital Psiquiátrico e tenho um livro sobre minha experiência no convívio com pacientes portadores de doenças mentais que devo publicar no próximo ano.




ÍTHALA

Com apenas dois anos de atuação e mais de 20 títulos publicados, em diversas áreas, a Editora Íthala possui um conceito editorial diferenciado: promover a cultura, viabilizando projetos de novos autores. 

A editora tem como foco livros de baixa demanda, sem abrir mão da qualidade nos projetos gráficos e de impressão. 

Nossa proposta é atender às expectativas e objetivos do autor de maneira personalizada, com visão mercadológica voltada para especificidade de cada obra e de acordo com as principais tendências do mercado”, diz a diretora editorial da Íthala, Eliane Peçanha.

SERVIÇO
- Morrendo de Saudades
- Editora: Íthala
- Preço: R$ 23
- Páginas: 152
- Informações: www.ithala.com.br
- twitter.com/editoraIthala

TRECHOS
- “Criar filhos é simples, é só dar amor, todo o amor possível até os quinze anos e depois soltá-los no mundo. Bonita definição. Eu também tenho algumas definições. Por exemplo, para mim, pai é apoio. Mais do que limites e educação, pai é apoio. Limites e educação também, é óbvio. Mas apoio vem em primeiro lugar, sempre
- “Mais do que dinheiro (…) mais do que limites (…) Mais do que compreensão ou conselhos, apoio quer dizer confiança, segurança, amizade e amor, tudo junto num só pacote. A certeza de que você não está só no mundo. Uma rede de proteção sob este trapézio insano que é a vida


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